Se você é uma mulher e apresenta corrimento vaginal de odor desagradável que causa irritação genital intensa e sangramento pós-coito. Você pode estar com cervicite.

Se você é uma mulher com ou sem filhos, que procura ajuda médica por infertilidade após não conseguir engravidar nos últimos 14 meses e apresenta dor pélvica não relacionada com a menstruação. Você pode estar com cervicite.

Cervicite: O que é e como prevenir

A cervicite é uma inflamação no colo do útero que pode causar sintomas como corrimento vaginal, dor ao urinar e sangramento. Essa inflamação geralmente é causada por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia.

Essa inflamação no colo uterino pode apresentar secreção purulenta e/ou sangramento fácil induzido pela manipulação no colo do útero, seja durante o exame ginecológico, coleta do preventivo ou até mesmo durante a relação sexual.

Como a cervicite não é uma doença de notificação compulsória e os sintomas clínicos ou critérios para diagnóstico não são totalmente padronizados, os achados variam bastante na literatura médica.

Sintomas da cervicite:

Em torno de 70 a 80% não apresentam sintomas, ou seja, são ditas assintomáticas. Nos casos sintomáticos as principais queixas são:

  • Corrimento vaginal com ou sem odor forte e cor diferente do normal
  • Dor ou ardência ao urinar
  • Sangramento entre as menstruações ou após relaçao sexual
  • Dor durante o sexo (chamada de dispareunia)
  • Vontade de ir urinar com muita frequencia e urinar aos poucos (polaciúria)
  • Dor pélvica crônica (cólicas abdominais frequentes mesmo fora da menstruação)
  • Febre (infecção mais grave – caracterizando Doença Inflamatória pélvica ou endometrite)

Fatores de risco para cervicite:

  • Mulheres sexualmente ativas com idade inferior a 25 anos;
  • Novas ou múltiplas parcerias sexuais;
  • Parcerias com infecção sexualmente transmissível (IST);
  • História prévia ou presença de outra infecção sexualmente transmissível e
  • Uso irregular de preservativo.

Causas da cervicite:

  • Infecções sexualmente transmissíveis: Clamídia, gonorreia, tricomoníase;
  • Irritantes químicos: Sabonetes, duchas vaginais e outros produtos químicos podem irritar o colo do útero.
  • Trauma: Relações sexuais vigorosas ou inserção de objetos podem causar inflamação.

A infecção por clamídia é a infecção sexualmente transmitida (IST) bacteriana mais comum em países desenvolvidos como EUA e Reino Unido (Inglaterra).

A gonorreia é a segunda IST mais comum no Reino Unido e nos EUA. As taxas de infecção por gonorreia são maiores entre homens, em comparação com mulheres, no entanto, dados desde 2015 vem mostrando aumento de mais de 43% das taxas de infecção de gonorreia em mulheres.

Os organismos normalmente identificados nos casos de cervicite infecciosa predispõem a infecções ascendentes, ou seja, no útero, causando a doença inflamatória pélvica.

Organismos como Trichomonas vaginalis e o vírus do herpes simples (HSV) tipo 2, que afetam o epitélio escamoso da vagina, também podem estar relacionados à cervicite, não ocasionando, porém, infecções ascendentes isoladamente.

A Mycoplasma genitalium é uma causa emergente de infecções sexualmente transmissíveis em homens e mulheres no mundo inteiro, havendo uma correlação significativa entre a M. genitalium e a cervicite.

Diagnóstico:

No exame ginecológico pode estar presente dor a mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo, edema (inchaço) no colo uterino e sangramento ao toque da espátula ou swab.

As infecções por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em mulheres, frequentemente, não produzem corrimento vaginal. Entretanto, se no exame ginecológico for constatada a presença de muco-pus no colo uterino ou teste do cotonete positivo (sangramento ao toque do cotonete) ou friabilidade do colo uterino (ou seja, colo amolecido e que se sangra facilmente) a mulher deve ser tratada para gonorreia e clamídia, pois são os agentes mais frequentes da cervicite.

O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por C. trachomatis e N. gonorrhoeae por ser feito pela detecção do material genético dos agentes infeciosos (PCR ou captura híbrida) , identificação do gonococo na cultura em meio seletivo de THayer-Martin modificado) e recentemente liberado no Brasil o Teste Rápido para C. trachomatis.

Vale ressaltar que nenhum desses testes tem 100% de sensibilidade e especificidade. Ou seja, mesmo com testes negativos, se o quadro clínico é típico, deve-se tratar para evitar evolução para complicações.

Principais Complicações quando não tratadas:

  • Dor pélvica persistente
  • Doença Inflamatória Pélvica
  • Gravidez ectópica (gravidez na trompa)
  • Infertilidade
  • Partos prematuros (quando a mulher está grávida)
  • Ruptura prematura de membranas ovulares na gravidez
  • Óbito fetal
  • Retardo de crescimento intra uterino
  • Endometrite puerperal (infecção do útero pós parto)
  • Conjuntivite e pneumonia do Recém nascido

Abaixo o fluxograma de investigação de cervicite defendido pelo Ministério da Saúde.

fluxograma de investigação de cervicite no sus

Tratamento:

O tratamento da cervicite varia de acordo com a causa da infecção e é feito com antibióticos. É importante que o parceiro sexual também seja tratado para evitar a reinfecção.

O objetivo do tratamento é prevenir sequelas da doença, como doença inflamatória pélvica,
abscesso tubo-ovariano, gravidez ectópica e infertilidade. Durante a gestação, os objetivos do tratamento também incluem a prevenção de complicações periparto e infecções neonatais.

O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde para Clamídia e Gonorreia está demonstrado no quadro, lembrando que todos os medicamentos são antibióticos e necessitam de receita médica dupla via (especial) para serem disponibilizados tanto no sistema público quanto privado.

Tratamento de clamidia e gonorreia

Antibióticos administrados em dose única são preferíveis no caso de pacientes gestantes ou nas mulheres que não conseguem manter a aderência ao tratamento.

Em relação aos parceiros sexuais das mulheres com cervicite, devem ser empregados todos os esforços para garantir que os parceiros sexuais da paciente nos últimos 60 dias sejam avaliados e tratados com o esquema recomendado.  No mínimo, o parceiro sexual mais recente deve ser tratado.

As relações sexuais devem ser evitadas por 7 dias após o tratamento.

Azitromicina oral é o agente de primeira escolha para a infecção por clamídia. No entanto, em 2018,
as diretrizes do Reino Unido foram atualizadas para recomendar doxiciclina como tratamento
de primeira linha
para qualquer infecção por clamídia diagnosticada, independente do local anatômico.

Para infecção gonocócica o tratamento de primeira linha é ceftriaxona intramuscular em dose única.

O metronidazol e o tinidazol são os únicos medicamentos reconhecidamente eficazes no tratamento da tricomoníase.

As opções de tratamento de primeira linha da vaginose bacteriana incluem metronidazol por via oral ou vaginal e clindamicina em creme intravaginal. Tinidazol ou secnidazol e preparações orais ou óvulos intravaginais de clindamicina são opções de segunda linha.

O CDC (Center for Disease Control and Prevention) em seu guia publicado em 2021 sugere como tratamento para cervicite:

tratamento preconizado pelo CDC dos Estados unidos para cervicite

Com suspeita de gonorreia recomendam:

Tratamento para gonorreia preconizados nos EUA

Para prevenir a conjuntivite do recém nascido são usados o Nitrato de prata a 1% ou a tetraciclina, na primeira hora após o nascimento, em todas as maternidades do país, como recomendação do Ministério da Saúde.

Prevenção de infecção ocular do recem nascido pela gonorreia

Prevenção:

Uso de preservativo previne infecções sexualmente transmissíveis
  • Use camisinha: A camisinha é a forma mais eficaz de prevenir a cervicite e outras ISTs, apesar de não proporcionar 100% de proteção a recomendação é a proteção combinada.
  • Faça testagem para IST regularmente: são disponibilizados testes rápidos de sífilis, HIV, Hepatite B e C nas unidades básicas de saúde.
  • Evite duchas vaginais: As duchas vaginais alteram o pH natural da vagina e podem aumentar o risco de infecções.
  • Comunique-se com seu parceiro: Converse com seu parceiro sobre a importância do uso de preservativo, da realização de exames regulares e da importância de zelar por um relacionamento com lealdade e confiança.

É importante lembrar que a cervicite, se não tratada, pode levar a complicações sérias, como doença inflamatória pélvica, infertilidade e gravidez ectópica.

Procure um ginecologista regularmente para cuidar da sua saúde sexual.

Lembre-se: Este é apenas um guia geral. Consulte sempre um médico para obter um diagnóstico preciso e tratamento adequado.

Veja o vídeo onde aprofundo sobre a questão de cervicite crônica e metaplasia de colo uterino.

Para cuidados de higiene da região íntima recomendo os produtos e atitudes abaixo relacionados:

Os hábitos que sugiro para prevenir ajudar no tratamento e prevenção de alterações vaginais como candidíase e vaginose bacteriana são:

  • 1. Usar calcinhas totalmente de algodão pois elas absorvem a umidade e deixam o ar passar por entre suas fibras, ou seja, a região fica mais ventilada. Separei alguns modelinhos que recomendo abaixo:

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  • 2. Higiene íntima com sabonete líquido ou shampoos com pH balenceado: quanto menos odor e menos alteração do pH tiver o sabonete melhor, prefiro os líquidos pois não deixam resíduo nos pelos e pele, são mais fáceis de enxaguar. Nao recomendo sabonetes íntimos, são produtos nichados que não buscam a não agressão, pensem, quanto mais propaganda um produto precisa fazer, menos cumpre o que promete. Indico os abaixo para higiene íntima:

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higiene íntima com sabonete/shampoo glicerinado
  • 3. Evitar ficar com roupa de banho (biquini, maiô, body), principalmente molhada, por longos períodos.
  • 4. Evitar lavar roupa íntima com sabão em pó, amaciante ou alvejantes, preferir sabão líquido de preferência neutro ou de côco. Lave as roupas íntimas separadas, ou seja, não coleque na máquina com outras peças. Algumas indicações de sabão para roupas íntimas e delicadas:

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Lembre-se, este post não é uma consulta médica e não substitui uma consulta médica. Sempre consulte seu médico de confiança antes de usar medicamentos pois eles podem ter contraindicações conforme suas comorbidades ou o diagnóstico que para você com certeza parece uma coisa, após o exame físico ou exames complementares pode ser outra doença completamente diferente do que você pensa.

Espero ter ajudado.

Fontes:

  1. https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/default.htm
  2. https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf

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