No livro “Ninfomania: História” (Imago Editora), a historiadora norte-americana Carol Groneman conta que o comportamento ninfomaníaco de cinquenta, cem ou duzentos anos atrás hoje pode ser considerado normal.

Ninfomania deriva das palavras gregas “nýmfi” (νύμφη): “ninfa” e “manía” (μανία): “loucura”, “fúria”, “ódio”. Na mitologia grega ninfas e sátiros eram espíritos da natureza famosos por sua beleza e sexualidade exacerbada. Diversas ninfas ficaram famosas ao se envolverem ou serem abusadas por deuses, dando a luz a famosos heróis.

Ninfomania: definição

Apetite sexual excessivohipersexualidade, Desejo Sexual Hiperativo (DSH), ou Ninfomania (em mulheres) e Satiríase (em homens) é um transtorno sexual caracterizado por um nível elevado de desejo e atividade sexual a ponto de causar prejuízos na vida da pessoa. Trata-se de um tipo de vício com sintomas compulsivos, obsessivos e impulsivos, e seu tratamento é similar ao de outros tipos de dependências.

As ninfomaníacas do século 19, por exemplo, eram “mulheres de classe média (…) que experimentavam um intenso desejo sexual, masturbavam-se e até sonhavam com sexo”. Acreditava-se que as mulheres eram naturalmente menos “ardentes” que os homens, e por isso uma mulher de comportamento sexual normal nos dias de hoje, naquela época podia parar no hospício.

Um caso exemplar é o de Rosemary Kennedy, a irmã mais velha do ex-presidente dos EUA John F. Kennedy. Ao fim da adolescência, Rosemary começou a apresentar comportamentos “inadequados” na opinião de sua família. Durante a noite ela escapava do internato onde estudava e vivia. Com receio de que seu comportamento pudesse resultar em promiscuidade, sua família optou por um novo procedimento cirúrgico para acalmar suas alterações de humor e sua rebeldia. Então em 1941, aos 23 anos, Rosemary foi submetida a uma lobotomia. Se por um lado o procedimento resolveu a questão de sua rebeldia e acalmou seus impulsos sexuais, por outro lado a deixou paralisada e incapacitada mentalmente até o fim da vida, em 2005.

Cientificamente, o termo “ninfomania” é um conceito antigo e ultrapassado, sem base científica, isso porque durante muito tempo, foi utilizado para descrever mulheres com um desejo sexual considerado “excessivo” ou “anormal” pelos padrões sociais da época. No entanto, a ciência moderna tem demonstrado que essa visão é simplista e prejudicial.

O que a ciência diz:

  • Diversidade da sexualidade: A sexualidade humana é extremamente diversa, e o que é considerado “normal” pode variar muito de pessoa para pessoa e de cultura para cultura. O desejo sexual é influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais.
  • Hipersexualidade: Em vez de “ninfomania”, o termo mais utilizado atualmente é “hipersexualidade“. Este termo descreve um padrão de comportamento sexual persistente ou recorrente no qual a pessoa experimenta uma intensa excitação sexual, que pode levar a dificuldades em diversas áreas da vida, como trabalho, relacionamentos e saúde.
  • Causas complexas: As causas da hipersexualidade são complexas e ainda não são totalmente compreendidas. Fatores como desequilíbrios hormonais, transtornos de personalidade, traumas, uso de substâncias e condições médicas podem estar envolvidos.
  • Tratamento: O tratamento da hipersexualidade, quando necessário, é individualizado e pode envolver terapia, medicação e outras abordagens. É importante ressaltar que nem todas as pessoas com alta libido precisam de tratamento.

Por que o termo “ninfomania” é problemático:

  • Estigmatização: O termo “ninfomania” carrega um forte estigma social, associando mulheres com esse comportamento a características negativas como promiscuidade, descontrole e imoralidade.
  • Patologização da sexualidade feminina: Ao patologizar a sexualidade feminina, o termo “ninfomania” contribui para a opressão e o controle do corpo feminino.
  • Falta de precisão: O termo é vago e não possui uma definição médica precisa.

Em resumo:

A “ninfomania” é um conceito ultrapassado e prejudicial que não reflete a complexidade da sexualidade humana. A ciência moderna nos mostra que o desejo sexual é uma experiência individual e variável, e que o termo “hipersexualidade” é mais adequado para descrever casos em que o desejo sexual excessivo causa sofrimento ou prejuízo.

Atualmente temos muita literatura erótica que usa o termo ninfomaníaca para demonstrar a característaca “insaciável” da mulher que apresenta esse transtorno, e há livros históricos que demonstram como as características consideradas excessivas em outras épocas atualmente são naturais e totalmente esperadas.

E você, conhece alguém que acredita que é ninfomaníaco (a) ou melhor, tem hipersexualidade? Se seu desejo sexual traz inconveniente ou sofrimento para você é bom procurar ajuda profissional.

Gostaria de saber mais sobre algum outro tema relacionado à sexualidade feminina, deixe sua dica nos comentários ou envie um email para contato@sexologasincera.com?

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