O casamento com amor foi recentemente introduzido na história da Humanidade.

O amor é comum a espécie humana, universal e atemporal; o casamento é uma arbitrariedade histórica e religiosa destinada a proteger a propriedade e a moral dos descaminhos da paixão e sexualidade.

Como Surgiu o Casamento Na Sociedade Ocidental

A concepção Grega sobre o amor coloca o amor como um destino e uma necessidade, foi nessa cultura que surgiu o mito da alma gêmea. Segundo os gregos, os humanos eram inicialmente seres completos, redondos, que continham ambas as polaridades, masculino e feminino.

Temendo o poder dessas criaturas completas, Zeus separou o ser humano em suas duas metades, o homem e a mulher; essas criaturas que se tornaram incompletas foram condenadas a percorrer o mundo em busca de sua outra metade. O mito sustenta a ideia de que as pessoas são incompletas e devem procurar seu parceiro ideal, sua alma gêmea.

Conforme a mitologia Grega o encontro amoroso era assunto dos deuses e obedecia a sua vontade, o deus Eros era o responsável pelo apaixonamento, pois, ao atingir com suas flechas um homem e uma mulher, eles ficavam irreversivelmente ligados, o que fundamenta a noção de que o amor é cego.

Para os cavalheiros medievais, o amor precisava ser inacessível, o ideal era que houvesse distância entre os apaixonados, o que aproximava o amor da adoração. Essa visão é notadamente marcada na literatura, na poesia e nas canções, onde não há história de amor feliz, só existem romances do amor mortal, do amor ameaçado e condenado, denotanto a característica inalcançável do amor.

O amor-paixão surge como uma das repercussões do cristianismo (especialmente de sua doutrina do casamento). Com o Cristianismo o símbolo do amor não é a paixão inflamada dos trovadores medievais, mas sim o casamento entre Cristo e a Igreja; dessa forma, o amor humano se santifica no casamento, negando e fugindo dos prazeres carnais das paixões.

A humanidade sempre suspeitou que o amor e a paixão eram sentimentos indomáveis e, portanto, perigosos pois colocam em risco as estruturas sociais, econômicas e hierárquicas.

Na Era do Cristianismo a união baseada nas inclinações emocionais e sexuais era insuficiente como alicerce duradouro da família e demais instituições sociais, por isso os casamentos deveriam ser arranjados entre as famílias, de acordo com as regras da comunidade.

A paixão e o amor ficavam de fora daqueles arramjos, sendo vividos clandestinamente (ou seja, a traição não é um evento moderno, e nessa época era totalmente perdoável e permitido, pelo menos para os homens.

A partir do século XVIII, emergiu na Europa o ideal do amor romântico, tentando compatibilizar a liberdade de escolha amorosa com os ideais morais cristãos. Então, é recente a ideia de que o casamento seja espaço destinado à vivencia do amor.

A ênfase do casamento santificado recaía sobre o amor sublime e santificado abafando o ardor sexual, vinculando a mulher exclusivamente à imagem de esposa e mãe, tão necessária à família burguesa.

O amor romântico focaliza o par e sua história compartilhada, enfatizando a intimidade e a privacidade, engloba um projeto de futuro e o desejo de permanecer numa relação, idealizando o outro e se apoiando nessa idealização.

A associação entre amor romântico e a divisão rígida de papéis sexuais – maternidade e cuidado do lar para as mulheres e função de provedor para os homens – garante a duração do casamento “até que morte os separe”.

No entanto, sua eficácia não está apoiada necessariamente na felicidade afetiva, mas principalmente, na divisão de trabalho entre os sexos, na dependência econômica da mulher e no confinamento da sexualidade feminina no matrimônio.

É notório que a experiência amorosa é uma das vivências mais fortes e mobilizadoras na vida humana. Sua função vai muito além da perpetuação da espécie e da formação da família.

Ainda que as técnicas de reprodução garantam a continuidade da humanidade e que as transformações econômicas e culturais levem a completa inutilidade do casamento, certamente os homens e as mulheres continuarão a se atrair mutuamente e a se relacionar amorosamente.

Existem encontros que apresentam características especiais: são inevitáveis, marcam a vida dos envolvidos de maneira permanente (eternos) e provocam alterações psíquicas notáveis, como sonhos e até, por exemplo, o nascimento de uma criança.

A possibilidade desse encontro, nomeado amor-paixão, é intuída e por vezes desejada por todos os humanos, embora nem todos consigam vive-lo. Ele sobrevive a distância, aos obstáculos, ao tempo, mas não garante a permanência do casal unido no cotidiano, ao contrário dos finais felizes propostos pelos contos de fada.

A necessidade de segurança, estabilidade, previsão e permanência pode entrar em conflito, com a necessidade de romance, excitação e mudança. O desejo de intimidade pode se confrontar com a necessidade de manter a individualidade.

Quando o amor romântico domina através da imposição da exclusividade, o desejo de fusão com o outro pode acarretar sentimentos desentir-se oprimido pela relação e levar a manobras de controle por não suportar qualquer indício de que o parceiro tenha outros interesses e não o coloque como centro da sua vida.

Por outro lado, quando a paixão predomina, a pessoa pode ser incapaz de comprometer-se e de fazer concessões necessárias para que o relacionamento aconteça.

o amor resiste ao casamento

É possivel o amor sobreviver ao casamento

Existem diferentes características do relacionamento sexual com amor e sem amor, entre elas:

Relacionamento sexual com amor:

  • Vantagens: satisfação emocional, segurança e expectativa de que o relacionamento vai durar mesmo quando o desejo sexual e a paixão diminuírem.
  • Desvantagens: a convivência prolongada pode inibir o ardor sexual.

Relacionamento sexual sem amor:

  • Vantagens: sentir-se mais livre para expressar a sexualidade e vivenciar experiências, ganhando maior satisfação sexual.
  • Desvantagens: o sexo tende a tornar-se rapidamente monótono, bobo e comum.

O casamento baseia-se na capacidade de um comprometimento total e incondicional para fazer o que for necessário a preservação da união, embora reconhecendo que não há garantias absolutas do sucesso de uma união duradoura.

Mesmo não sendo eterno, um casamento pode ser muito feliz, desde que se entenda que “dar certo” não é sinônimo de “durar para sempre”.

Se esse relacionamento proporcionou ao casal experiências de boa qualidade, se os dois usufruíram carinho mútuo e construíram algo juntos, não importa se o período em que viveram juntos foi breve ou longo, o casamento deu muito certo.

O sucesso de um casamento não pode ser medido pelo tempo, mas pela qualidade das trocas e pela oportunidade de crescimento pessoal que ele permitiu ao casal.

O casamento exige sacrifícios, como abrir mão de certas características pessoais e hábitos, e nem todos tem condições de vivenciar essa proposta. Cada pessoa pode definir um projeto afetivo próprio que não necessariamente envolva o casamento, mas ninguém consegue sobreviver a falta de amor.

Os seres humanos querem e precisam de amor. Queremos amar e ser amados. Pelo menos eu quero, e você?

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