Apesar de algumas pesquisas indicarem uma possível associação entre o uso de antidepressivos durante a gravidez e distúrbios do neurodesenvolvimento no recém-nascido, outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento desses distúrbios do neurodesenvolvimento, e não a exposição aos antidepressivos em si.
Em um estudo publicado no JAMA (revista médica internacional), os autores coletaram dados de 145.702 gestações expostas a antidepressivos e 3.032.745 gestações não expostas. Embora o risco bruto de desenvolver qualquer distúrbio do neurodesenvolvimento fosse quase o dobro em crianças nascidas de mães que receberam prescrição de antidepressivos durante a gravidez, esse risco desapareceu após o ajuste para fatores de confusão.
Uma das maneiras pelas quais os autores controlaram os fatores de confusão foi comparar crianças nascidas de mães que tomaram antidepressivos durante toda a gravidez com aqueles cujas mães tomaram antidepressivos antes, mas não durante a gravidez. O risco entre esses dois grupos foi semelhante, sugerindo que outros fatores além do uso de antidepressivos podem estar em jogo.
Além disso, os autores conduziram uma análise de irmãos para controlar os fatores de confusão genéticos e ambientais familiares compartilhados, levando ainda mais o risco de distúrbio neurodesenvolvimento para o valor nulo.
Em conjunto, esses achados indicam que a exposição a antidepressivos durante a gravidez pode ser um importante marcador para triagem e intervenção precoce em crianças. Ainda assim, essa exposição não é a causa dos distúrbios do neurodesenvolvimento.