Muitas mulheres quando leem em seus prontuários ou em artigos na mídia não médica o termo pós-menopausa, interpretam que a o termo refere-se a cura da menopausa, ou seja, o estado após a menopausa, sem mais sintomas dela. Como se fosse um período após a “cura” da menopausa. .

O termo em questão, pós-menopausa, refere-se ao período após o diagnóstico de menopausa. Então o que significa menopausa? Menopausa tem cura? Depois que ocorre a menopausa eu consigo sair da menopausa? Como posso aliviar os sintomas?

O que é menopausa?

O início da menopausa é anunciado pela ausência da menstruação por, pelo menos, 12 meses
consecutivos, ou seja, 1 ano sem menstruar; mas sem outro motivo como gravidez, uso de hormônio ou outra condição de saúde como hipotiroidismo por exemplo.

Nenhum outro teste é necessário  para o diagnóstico da menopausa, apenas a ausência da menstruação por 12 meses consecutivos.

No caso de mulheres que removeram o útero por qualquer motivo, o sinal da ausência da menstruação é perdido, então, apresentando sintomas característicos da menopausa como ondas de calor, diminuição ou ausência da lubrificação vaginal, irritabilidade sem motivo aparente entre outros; podemos definir o diagnóstico de menopausa, mesmo sem saber a taxa de hormônio estrogênio produzida pelos ovários.

Além disso, a falência definitiva da função dos ovários (que causa a ausência da menstruação e a diminuição da concentração de estrogênio na corrente sanguínea) pode ocorrer cirurgicamente pela remoção de ambos os ovários (menopausa cirúrgica) ou clinicamente, geralmente devida a quimioterapia ou radioterapia (menopausa induzida por tratamento).

A perimenopausa (também chamada transição da menopausa ou climatério) inclui os anos antes e após a parada da menstruação de uma mulher que ainda ovula (ou seja, não atingiu os 12 meses de ausência de menstruação) e é marcada pela menstruação irregular e sintomas da menopausa.

Quais os sintomas caracterizam menopausa?

Fogachos (sintomas vasomotores popularmente conhecidos como ondas de calor) são os sintomas mais comuns da menopausa. Um estudo observacional multiétnico sobre a transição da menopausa entre 3.302 mulheres, constatou que a duração média total dos sintomas vasomotores era de 7,4 anos.

Nesse mesmo estudo, mulheres mais jovens, com menor nível educacional, maior nível de estresse e mais sintomas depressivos e ansiedade, apresentaram uma duração maior dos sintomas vasomotores.

Os sintomas da menopausa, como fogachos (ondas de calor) e atrofia urogenital (secura vaginal), estão intimamente relacionados à diminuição do nível de estradiol (tipo de hormônio estrogênio) produzido nos folículos ovarianos durante o ciclo menstrual.

Os sintomas vaginais incluem ressecamento, coceira, corrimento e dor durante a penetração sexual. O afinamento do epitélio (tecido de cobertura) vaginal e vulvar pode causar laceração e sangramento durante a penetração.

Notam-se alterações visíveis no exame ginecológico como palidez na vulva e vagina (deixam de ter a aparência rosada), perda de rugosidade (paredes vaginais ficam lisas e com isso a vagina fica mais rígida, mesmo na excitação), retração do clitóris (ele fica menor) e dos pequenos lábios e perda de volume nos grandes lábios (fiam flácidos porque perdem a gordura que os mantinha firmes).

Consequências da Menopausa

O risco de mortalidade por doenças cardiovasculares aumenta com o início da menopausa,
independentemente do motivo do início da menopausa. Isso é causado principalmente por alterações associadas com o envelhecimento, inclusive aumento da massa de gordura, resistência insulínica e perfil lipídico modificado, com aumento da lipoproteína de baixa densidade (LDL – mau colesterol) e triglicerídeo e redução da lipoproteína de alta densidade (HDL – bom colesterol).

No entanto, devemos ficar atentas pois os fogachos e irregularidade menstrual podem preceder a menopausa, ou seja, aparecer antes dos 12 meses sem menstruar. Logo, nem toda onda de calor pode ser diagnosticada como menopausa.

Nunca é demais avisar, mulheres na perimenopausa que estão apresentando irregularidade menstrual podem engravidar, isso porque em alguns ciclos menstruais ainda ocorre ovulação, ou seja, não houve a falência completa da função ovariana, ainda há óvulos a serem fecundados, se não deseja engravidar é importante usar algum método anticoncepcional.

A menopausa marca o processo de mudanças físicas e mentais na vida da mulher.

Sintomas típicos de menopausa e como tratá-los

Vamos analisar um caso clínico típico: mulher de 50 anos de idade apresenta-se com queixa de sudorese noturna e dificuldade para dormir. Ela também notou uma redução da libido (desejo sexual) e desconforto durante a relação sexual. Sua família reclama que ela está mais irritada. Ela está preocupada com o ganho de 3 kg desde a sua última consulta há 1 ano. Ela não menstrua há 12 meses; imediatamente antes disso, a menstruação era menos intensa e mais curta. No exame pélvico, os pequenos lábios parecem finos e a mucosa vaginal está levemente pálida, mas no restante do exame físico não houve nada digno de nota.

Após a falência dos ovários, confirmada por 12 meses consecutivos  sem menstruação, entramos na fase da menopausa, que nos acompanhará até o final da vida. Os sintomas da menopausa tem duração variável, mas as consequências cardiovasculares, intestinais e ósseas são persistentes e cumulativas, ou seja, só pioram.

O manejo dos sintomas pode ser feito com fitoterápicos ou com hormônios sintéticos, alguns dos fitoterápicos utilizados são:

  • Cimicifuga racemosa – Alívio dos sintomas do climatério, como rubor (vermelhidão da pele, principalmente face), fogachos (ondas de calor), transpiração excessiva, palpitações, alterações do humor, ansiedade e depressão. Contraindicado para pacientes com histórico de hipersensibilidade a qualquer um dos componentes do fitoterápico. Pacientes portadoras de insuficiência hepática. Esse fitoterápico é contraindicado durante a gravidez. É necessária precaução em pacientes alérgicos à aspirina ou outros salicilatos. Como efeito adverso pode causar desconforto gastrointestinal, erupção cutânea, cefaleia e tontura. Interação medicamentosa: Pode ocorrer antagonização do efeito imunossupressor promovido pela ciclosporina e azatioprina, ou seja, uma imunoestimulação podendo levar à rejeição em pacientes transplantadas que fazem uso desse fitoterápico. Pode ocorrer interação com a atorvastatina. Deve ser utilizada com cautela se associado a outros agentes hipotensores, como betabloqueadores (metoprolol ou propanolol) e bloqueadores dos canais de cálcio (diltiazem ou verapamil). Pode ocorrer interação com analgésicos e anestésicos e efeitos aditivos com agentes gastrointestinais. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E POSOLOGIA (DOSE E INTERVALO) Oral. Dose diária: 6 mg extrato seco (extrato etanólico). 40-200 mg de rizomas secos de cimicifuga diariamente divididos em doses ou 0,4-2 mL da tintura (1:10) em etanol a 60%, diariamente. A raiz em pó ou o chá 1-2 g, três vezes por dia.
  • Glycine max (Soja): esse fitoterápico é indicado como coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério: sintomas vasomotores, tais como: ondas de calor e sudorese. É considerado modulador seletivo de receptores estrogênicos.Esse fitoterápico é contraindicado para menores de 12 anos. Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes do fitoterápico não devem fazer uso dele. Pode ocorrer reação alérgica cruzada com amendoim. De acordo com a categoria de risco de fármacos destinados às mulheres grávidas, esse fitoterápico está incluído na categoria de risco C. Não há estudos disponíveis sobre a teratogenicidade de preparações com alta concentração de isoflavonas, bem como não há evidências científicas disponíveis sobre a segurança de seu uso durante a gestação e lactação, devendo seu emprego ser evitado nessas condições. Esse fitoterápico não deve ser utilizado por mulheres grávidas e em amamentação. Como efeitos adversos o uso desse fitoterápico pode provocar distúrbios gastrointestinais leves como constipação, flatulên-cia e náusea. Nas doses diárias recomendadas, não foram relatadas reações adversas graves. Evitar a associação desse fitoterápico com contraceptivos e outros medicamentos de ação estrogênica. A efetividade do tamoxifeno pode ser diminuída por medicamentos à base de soja. A proteína da soja pode reduzir a absorção de levotiroxina no trato digestivo, portanto não se deve tomar os dois medicamentos concomitantemente. É necessário aguardar 2 horas entre uma e outra tomada. As isoflavonas genisteína e daidzeína podem bloquear a tireóide peroxidase e inibir a síntese de tiroxina. Pode ocorrer hipotireoidismo durante tratamentos prolongados. O uso de medicamentos que alteram a microbiota intestinal, como os antibióticos, pode interferir no metabolismo das isoflavonas. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E POSOLOGIA (DOSE E INTERVALO) Oral. A dose diária deve estar entre 50 e 120 mg de isoflavonas. Gel de isoflavonas derivadas de G. max proporcionou melhora da atrofia vaginal em mulheres na pós-menopausa, além da redução do ressecamento vaginal.
  • Trifolium pratense (Trevo-vermelho): indicado para alívio dos sintomas da menopausa (principalmente fogachos), mastalgia e síndrome pré-menstrual. Produtos a base da inflorescência de Trifolium pratense são contraindicados em casos de hipersensibilidade ou alergia a droga vegetal ou a espécie in natura. Está também contraindicado durante a gravidez, na amamentação e para crianças menores de 12 anos, e em casos de doenças hormonais associadas, ao efeito potencial dos hormônios. PRECAUÇÕES DE USO: Deverão ser observadas as condições que podem ser agravadas pelo aumento do nível de estrogênio, como a endometriose ou miomas uterinos. A ingestão de grandes quantidades de T. pratense em alimentos por animais tem sido associada a um número de efeitos adversos em ovelhas na Austrália. A “doença do trevo” caracterizada por sintomas de infertilidade, lactação anormal, distocia e prolapso uterino, foram hipoteticamente atribuídos aos efeitos estrogênicos de isoflavonas. Em nenhum dos ensaios clínicos controlados observou-se efeitos adversos com doses de até 0,160 g de isoflavonas por dia. As isoflavonas presentes nos extratos de T. pratense são inibidoras das enzimas hepáticas CYP 1A1, CYP 1B1 e CYP 2CP o que pode levar ao aumento dos níveis séricos de alguns fármacos. Podem interagir potencialmente com anticoagulantes (heparina e varfarina) e antiagregantes plaquetários (aspirina, clopidogrel e ticlopidina), por isso recomenda-se cautela na utilização de T. pratense em pacientes susceptíveis a sangramentos ou com distúrbios de coagulação. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E POSOLOGIA (DOSE E INTERVALO) Oral. Extrato bruto: 240-480 mg correspondendo a 40-80 mg/dia de isoflavonas.
  • Morus nigra (Amora): a planta tem sido usada na medicina popular como antidiabético, analgésico, diurético, antitussígeno, sedativo, ansiolítico, hipotensor e anti-inflamatório, para tratamento do colesterol alto, pressão alta, reposição hormonal da mulher, e para prevenir derrames. A planta é usada como parte da medicina tradicional chinesa para o tratamento de artrite, diabetes e reumatismo, e também como anti-hipertensiva, antienvelhecimento e anti-inflamatória. Como não existem estudos sobre a segurança reprodutiva em humanos, o uso de Morusnigra não é recomendado em mulheres grávidas ou em período de lactação. Não há indicação de dose na farmacopéia de fitoterápicos brasileira.

Gostou desse posts, comente abaixo sobre os mitos e conselhos que você já recebeu ou daria para mulheres que estão enfrentando essa fase da vida.

Lembrem-se, evitem automedicação. Sempre procurem seu medico de confiança antes de iniciar qualquer medicação, mesmo “natural”.

Se quiser saber tanto quanto eu sobre climatério e menopausa, compilei todas as informações relevantes em um ebook, claro, separei em capítulos para organizar o conhecimento, lá deixei informações sobre os exames necessários, os tratamentos disponíveis além de observações e dicas sobre sexualidade e alimentação.

Ele está disponível nesse link:

Até o próximo post. 

 Referência Bibliográfica:

  1. Avis NE, Crawford SL, Greendale G, et al. Duration of menopausal vasomotor symptoms over
    the menopause transition. JAMA Intern Med. 2015 Apr;175(4):531-9.
  2. Memento Fitoterápico (1a edição).pdf — Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/plantas-medicinais-e-fitoterapicos/arquivos/2016/memento-fitoterapico-1a-edicao.pdf/view>. Acesso em: 2 fev. 2025.
  3. MonografiaMorusnigra.pdf — Ministério da Saúde. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/consultas-publicas/2017/arquivos/MonografiaMorusnigra.pdf/view>. Acesso em: 2 fev. 2025.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *