O câncer de colo uterino ocupa o terceiro lugar mundial entre os canceres mais comuns na população feminina e sua prevenção é possível e fácil.
Essa doença resulta da progressão de uma condição pré-invasiva do epitélio do colo uterino, mais frequente de origem escamosa, denominada neoplasia intraepitelial cervical escamosa (NIC).
O preventivo, também chamado de exame Papanicolaou identifica células do colo uterino com alterações no núcleo causadas pelo vírus HPV (papilomavírus humano) que causa entre outros cânceres, o câncer do colo uterino.
Prevenção primária e secundária
Além de fatores genéticos tanto do hospedeiro (mulher) quando do vírus (ser de alto ou baixo risco), sabe-se que a persistência da infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é fator essencial para o aparecimento do câncer de colo uterino.
Sabe-se que 92% das infecções virais são eliminadas espontaneamente pela hospedeira através do seu sistema de defesa tecidual, no entanto, 8% das infecções são persistentes, e essas possuem maior risco de progressão para câncer.
Mais de 200 tipos de HPV foram identificados, entre os quais, ao menos 14 são considerados de alto risco para causar câncer, entre eles, os tipos 16 e 18, chamados de alto risco, estão presentes em cerca de 70% dos canceres de colo uterino.
Os subtipos mais comuns, que causam lesões transitórias ou verrucosas e de baixo risco para câncer, são os tipos 6 e 11.
Entre as ações de prevenção primária (intervenção antes do surgimento do problema), destacam-se o uso do preservativo, pois o HPV é uma infecção sexualmente transmissível, diminuindo a exposição ao vírus em cerca de 50 a 70%; e as vacinas contra o HPV que oferecem proteção contra os tipos de alto e baixo risco.
A prevenção secundária se faz por meio do diagnóstico precoce e, neste contexto, o rastreamento periódico com Preventivo (Papanicolaou) é uma das principais estratégias populacionais para prevenção do câncer do colo uterino pois identifica lesões pré-câncer, que permitem o tratamento antes da progressão para o câncer.
Segundo o Ministério da Saúde, o exame de preventivo do colo do útero deve ser feito em toda mulher especialmente na faixa de idade entre 25 e 64 anos e em mulheres imunodeprimidas, independentemente da idade, após início da atividade sexual.
O rastreamento deve ser feito anualmente, e após dois exames consecutivos resultarem normais, a coleta passa a ser feita a cada três anos.
A vacina quadrivalente contra o HPV está disponível no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos em 2 doses com intervalo de 6 meses. Para maiores de 14 anos até 45 anos, devem ser oferecidas 3 doses com intervalo de 1 a 2 meses entre a primeira e segunda dose, e de 6 meses entre a primeira e a terceira dose ou 4 meses entre a segunda e a terceira dose; para esse público as vacinas estão disponíveis em salas de vacina privadas, para homens e mulheres.
Mesmo quem já tenha apresentado alguma lesão causada pelo HPV, tratada ou não, deve ser vacinado, pois a infecção pelo vírus não induz imunidade.
Em 2024 o Ministério da Saúde mudou a estratégia de vacinação, passando a adotar a dose única da vacina quadrivalente contra o HPV para meninos e meninas de 9 a 14 anos seguindo a estratégia e os estudos observacionais e clínicos desenvolvidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e OPAS (Orgamização Panamericana de Saúde).
Além disso ampliou a oferta da vacina no SUS para vítimas de violência sexual, que devem receber duas doses, caso tenham entre 9 e 14 anos, ou três doses, caso tenham de 15 a 45 anos.
Assim como manteve a oferta para indivíduos convivendo com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia e transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea, que devem receber três doses, independentemente da idade.
Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/notas-tecnicas/2024/nota-tecnica-no-41-2024-cgici-dpni-svsa-ms